A longa história do macarrão
O macarrão não nasceu na Itália, mas o país foi responsável por mudar sua história e influenciar a alimentação em todo o mundo
Em qualquer lugar do mundo é possível comer um prato de Macarrão. Mas como pode um punhado de massa ter se tornado ingrediente de peso na mesa brasileira e também na de outros países? “Por ser um alimento simples, combina com carnes, verduras, queijos e todo tipo de molho”, diz Rita Corsi, coordenadora do curso de Gastronomia das Faculdades Metropolitanas Unicas (FMU), em São Paulo.
A explicação faz sentido quando entendemos que a combinação massa mais molho é fácil porque a base do macarrão é a mesma do alimento mais universal do planeta: o pão. Bastam água e farinha para fazer os dois. A diferença é que o pão fermenta e o macarrão não.
Origem desvendada
A massa mais antiga de que se tem notícia comprovada foi descoberta em 2005 por arqueólogos chineses. Eles encontraram em Lajia, na China, um fio de 50 centímetros com cerca de 4 mil anos. Assim, desvendou-se a idade do macarrão, essa delícia que ganhou fama mundial graças à criatividade gastronômica dos italianos, e não a Marco Polo, como aprendemos na escola.
Em 1154, 100 anos antes do nascimento de Marco Polo, o geógrafo árabe Al-Idrisi concluiu a redação do Livro de Ruggero. No volume, patrocinado pelo normando Ruggero II, que dominou e governou a Sicília, o árabe escreveu que em Trabia, perto da cidade italiana de Palermo, comia-se uma massa de farinha e água em forma de barbante.
Mel e tomate
Enquanto a massa italiana era comida com especiarias, em terras chinesas o macarrão era sopa. “A massa também está presente em pratos como o alemão spatzle, um tipo de nhoque, e nas mesas ucranianas e russas, como o varenike, um raviolão recheado de batatas ou carne ou verduras”, diz Marcelo Neri, professor de gastronomia na faculdade Senac (em 2007). Apesar disso, as pastas italianas, com seus muitos formatos e infindáveis molhos, são a pérola da sedução gastronômica mundial. A iguaria é tão irresistível que ganhou até data de comemoração mundial: 25 de outubro.
O fato é que esse alimento conquistou os paladares dos quatro cantos da Terra por uma imposição dos próprios italianos ao longo da história. O século 17 parece ter sido um marco na história da pasta, porque nele finalmente nasceu o molho feito de uma fruta mexicana, o tomate, levada para a Europa nos idos de 1500 pelos espanhóis. Em 1560, sementes do fruto foram levadas para a Itália, até que algum resolveu experimentar os tomates maduros e crus e depois alguém cozinhou os frutos, inventando o molho ao sugo.
Fresca e boa
A massa evoluiu e conquistou infindáveis formas. Da básica farinha e água, ganhou ovos, farinhas de sêmola, grão duro, integral ou de trigo sarraceno. Mas nada se compara à massa fresca. “É mais saborosa e o molho adere melhor”, afirma Eza Simões Correia, que aprendeu a fazer macarrão com a mãe, filha de imigrantes de Campobasso, na Itália.
O hábito de preparar o macarrão em casa descende dos imigrantes italianos, que trouxeram na bagagem o desejo de preservar seus costumes onde estivessem. Por isso, no Brasil – e principalmente em São Paulo, que concentrou a maior parte dos imigrantes –, domingo é dia de comer macarrão.
Fonte: Roberta DeLucca, Vida Simples, 01/04/2007. Leila Zampieri, Aventuras na História, 01/06/2010.
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