segunda-feira, 11 de junho de 2012

MUSA DE HARRISON E CLAPTON


PATTIE BOYD E GEORGE HARRISON


Pattie Boyd é a musa de grandes artistas da música. De garota educada em colégio de freiras a modelo em Londres, Boyd foi casada com o Beatle George Harrison e, anos depois, com o mestre da guitarra Eric Clapton. Ambos os relacionamentos foram imortalizados em canções.

Harrison compôs "Something" para Pattie, uma das músicas mais gravadas dos quatro fabulosos. A paixão de Clapton pela esposa do amigo inspirou a incandescente "Layla". Anos depois, quando Pattie deixou Harrison e se casou com Clapton, este compôs "Wonderful Tonight" em homenagem a ela.

Até hoje "sinto um arrepio na espinha quando escuto essas canções", como diz Pattie, aos 63 anos.

"Estou tão familiarizada com elas. Elas se tornaram íntimas. Tornaram-se parte de mim. Por isso, quando escuto essas músicas, é na verdade uma parte do meu corpo que estou escutando", declarou.

As músicas transformaram Pattie em ícone por meio das palavras de compositores. Agora, ela conta sua versão da história na recém lançada autobiografia "Wonderful Tonight", escrita em parceria com o biógrafo da família real Penny Junor.

Shaye Areheart, editora de Pattie pela Harmony Books, contou que a versão de Pattie sobre os acontecimentos foi aguardada ansiosamente pelos fãs de música.

"Se você conhece um pouco sobre o cenário do rock, sem dúvida vai querer saber o que a Pattie tem a contar", declarou Areheart. "Ela estava presente quando tantas coisas interessantes e originais estavam acontecendo. Ela estava inserida naquele cenário inacreditável e ficou para contar a história".

 Antes do glamour
O livro começa muito antes do surgimento do glamoroso mundo do rock, com um relato da infância classe média emocionalmente anestesiada de Pattie, um mundo de segredos e silêncios em que "nada era explicado; tudo era um mistério".

"Meus pais reproduziram comigo o tratamento que receberam quando eles eram crianças, que era bastante rígido. As crianças eram só observadas e não havia diálogo", recordou-se Pattie, que mantém o charme e o visual encantador, das botas pretas brilhantes aos cabelos louros e olhos azuis cintilantes.

"Então, chegaram os anos 60 e havia toda aquela liberdade. Foi como ter uma nova chance de ser criança. Nas artes, tudo acontecia ao mesmo tempo: poetas, escritores, músicos, estilistas e artistas plásticos. Era uma efervescência. Foi realmente muito especial. Sinto-me privilegiada por ter vivido aquilo".

Ela saiu da casa de subúrbio da família, iniciou a carreira de modelo e foi convidada a participar como figurante em "A Hard Day's Night", o primeiro filme dos Beatles. Conheceu Harrison no set de filmagem, segundo ela, "o homem mais lindo que eu já vi". No primeiro encontro dos dois, foram acompanhados pelo agente e mentor dos Beatles, Brian Epstein.

Foto: AP
Pattie Boyd nos dias de hoje (Foto: AP)
Pouco depois, Pattie e Harrison se casaram e se estabeleceram, explorando juntos a espiritualidade durante uma viagem à Índia para aprender os ensinamentos de Maharishi Mahesh Yogi.

Pattie conta sua história de uma maneira bastante comedida, na verdade, mas há momentos em que o mundo extraordinariamente estranho dos Beatles vem à tona. Antes de pedir Pattie em casamento, Harrison corre para se aconselhar com Epstein. "O Brian falou que tudo bem", disse para ela. "Quer se casar comigo?".

O pedido de casamento de Clapton, anos mais tarde, foi ainda menos romântico. Ele perguntou, por meio de um amigo, se Pattie se casaria com ele na terça-feira da outra semana. Pattie depois veio a saber que outro amigo já havia contado a uma colunista de fofocas de jornal que os dois se casariam naquele dia.

 Vida normal
Pattie conta que durante algum tempo, Harrison e ela aproveitaram uma "vida normal".
"Eu trabalhava, fazia as fotos como modelo e o George às vezes saía em turnê. O que nos atrapalhava era quando as duas coisas entravam em conflito", disse ela.

Por fim, a ruptura dos Beatles, o caso de Harrison com a esposa de Ringo Starr, Maureen, e a atração de Pattie pelo extraordinário e apaixonado Clapton acabaram os afastando. Dá para sentir que algo está começando a ficar esquisito a partir do momento em que Harrison convida um grupo de famílias Hare Krishna para morar na mansão do casal perto de Londres. "O George achava que seria maravilhoso: nós cantaríamos juntos e haveria vibrações positivas na casa", escreve Pattie. Mas em pouco tempo as vibrações ficaram ruins.

Apesar dos altos e baixos do casamento, o livro apresenta um retrato amoroso de Harrison, que morreu de câncer em 2001. "Eric e eu éramos companheiros para um bom divertimento", escreve Pattie, "mas George e eu éramos almas gêmeas".

"Eu simplesmente o adorava. Ele era a pessoa mais amável e encantadora. George e eu evoluímos espiritualmente juntos. Nós nos conhecemos quando tínhamos 19 e 20 anos. Nós nos conhecíamos quase desde a época de saída de casa".

Mesmo depois da separação, "sempre houve amizade".

 Imagem não muito favorável
"Com o Eric, era divertido. Ele parecia não ter limites e eu achava que isso era totalmente libertador, acho que porque na minha criação sempre houve muitos limites. Era alguém que não tinha limite nenhum, o que para mim representava a liberdade suprema. Mas isso não é verdadeiro, porque onde não há limites, há excessos. Isso causa situações desastrosas".

Clapton não é muito bem retratado no livro. Seu casamento com Pattie coincidiu com um longo período de alcoolismo do músico e seu comportamento muitas vezes transparece indiferença e crueldade. No entanto, Pattie, que trabalha como fotógrafa e já expôs seu trabalho em Londres e São Francisco, deixou as críticas no passado.

"Eu tive uma certa culpa daquele comportamento ruim", diz ela. "Eu permiti que ele acontecesse. Hoje em dia eu não permitiria".

"Agora eu conheço o alcoolismo, por exemplo, sei que é uma doença. Ao passo que quando eu era jovem, eu simplesmente achava que se tratava de pessoas se comportando mal. O Eric estava bebendo demais e eu achava aquilo um pesadelo. Não me dei conta de que ele estava doente".

A autobiografia do próprio Clapton deverá ser publicada no mês que vem. Pattie afirma que não tem medo do que vai ler.

"Não vejo a hora", disse ela. "Vou ler num fôlego só".   

FONTE: WWW.GLOBO.COM


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